quarta-feira, 18 de julho de 2007

quem sou eu

Aos que querem saber

não sou atriz, mas faço oficinas de teatro e estou integrada em um grupo; não sou escritora, mas escrevo sempre que algo me atravessa a garganta; não sou cantora, mas faço aulas de canto; não sou artista plástica, mas pinto, modelo e teço; não sou professora, mas sobrevivo dando aulas e tenho minha CTPS assinada como tal; não sou cientista, mas tenho o pensamento metódico piagetiano; não sou intelectual, mas tenho alguns estudos publicadas; não sou terapeuta, mas trabalho com um grupo de dependentes químicos; não sou mãe, no sentido do "avental todo sujo de ovo", mas cuido da minha filha com todo o amor que posso manifestar; não tenho religião, mas preservo minhas crenças e meus próprios rituais. É... e o que, afinal, me define? Talvez o ser e o não ser, o yin e o yang, o que me falta, efetivamente, me constitui. Ou, parafraseando Lispector, "eu sou uma pergunta"... para mim mesma.

7 comentários:

jupoesia disse...

A pergunta que tu fazes a ti mesma merece procedimento. Já a resposta, se me permite, é demasiadamente modesta. Tu és tudo aquilo que constitui teus dias. Tu és os teus atos, tuas verdades, tuas invenções, crenças, tua metodologia vivencial e tuas buscas. Tu és intelectual, mãe, artista, terapeuta e o que mais lhe aprouver. E pra não dizer mais, D. Lispector define:

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: Quero é uma verdade inventada.

jupoesia disse...

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Clarice Lispector

Anônimo disse...

Parabéns por tuas escritas.
Amei entro todos os dias.

Carla Soprano

padma wangmo- disse...

Ra rararararararararararararararararararararararar

Agora nóis se cumunica rarararararararar

padma wangmo- disse...

rararararararararararararararararararararararnêga lôca rararaagora nóis podi vuá....rarararra

jupoesia disse...

Estive pensando em "quem sou eu". E não saberia dizer das minhas definições. Às vezes, me vejo em tão serena clareza capaz de afirmar: sou tal. E no momento seguinte, já não sou mais isso. Então, o que me define é que sou uma falsa visão daquilo que penso ser. E me sinto mal. Não gosto de ser uma "mímesis" daquilo que quero ser e não sou. Mas é assim que sou. Será?

E dá-lhe D. Lispector:

Se tudo existe é porque sou. Mas por que esse mal estar? É porque não estou vivendo do único modo que existe para cada um de se viver e nem sei qual é. Desconfortável. Não me sinto bem. Não sei o que é que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal estar. No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza. O que há então? Só sei que não quero a impostura. Recuso-me. Eu me aprofundei mas não acredito em mim porque meu pensamento é inventado.

Clarice Lispector

Joice Kelly disse...

Amei tudo isso que vi aqui!
mundo de palavras.. magnifico!
bjs
joice kelly