segunda-feira, 23 de julho de 2007

errata

Carne e osso - Zélia Duncan e Moska

A alegria do pecado
Às vezes toma conta de mim
E é tão bom não ser divina
Me cobrir de humanidade me fascina
E me aproxima do céu

E eu gosto
De estar na terra
Cada vez mais
Minha boca se abre e espera
O direito ainda que profano
Do mundo ser sempre mais humano

Perfeição demais
Me agita os instintos
Quem se diz muito perfeito
Na certa encontrou um jeito insosso
Pra não ser de carne e osso
Pra não ser carne e osso

Citei errado na postagem anterior e corrijo, reiterando o já dito.

domingo, 22 de julho de 2007

reino de Afrodite

Pois é, já disse há um tempo que temos entronizadas as deusas todas dentro de nós, falo apenas das gregas (Hera, Afrodite, Perséfone, Deméter, etc) que só tenho conhecimento mitológico destas. Então nesse momento, faço as pazes com Afrodite, a terrível, mansamente terrível, já que é pelos olhos de Afrodite que vemos o mundo da beleza, do prazer, do amor. Com Afrodite esquecemos da racionalidade masculina e nos entregamos à estesia, ao sentir físico. Sentir o mundo através da beleza e do amor. Quer mais? E como diz a música da Zélia Duncan que abre a novela das 7: "a alegria do pecado tomou conta de mim e é tão bom viver assim...". Sem estresse, sem preocupar-se com o futuro, apenas hoje e sentir, hedonistícamente. É bom se saber agradável aos olhos de outros. Credo, onde estiveste, oh deusa do amor, nos últimos anos da minha vida? Por que deixei de te render homenagens e presidir teus ritos?
A deusa está sempre presente, como um atributo do feminino que temos inato, mas há que se prestar atenção a ela e a deixar fluir. Cada uma nos é útil, mas Afrodite, essa é imprescindível! Beijos a todos e todas.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

quem sou eu

Aos que querem saber

não sou atriz, mas faço oficinas de teatro e estou integrada em um grupo; não sou escritora, mas escrevo sempre que algo me atravessa a garganta; não sou cantora, mas faço aulas de canto; não sou artista plástica, mas pinto, modelo e teço; não sou professora, mas sobrevivo dando aulas e tenho minha CTPS assinada como tal; não sou cientista, mas tenho o pensamento metódico piagetiano; não sou intelectual, mas tenho alguns estudos publicadas; não sou terapeuta, mas trabalho com um grupo de dependentes químicos; não sou mãe, no sentido do "avental todo sujo de ovo", mas cuido da minha filha com todo o amor que posso manifestar; não tenho religião, mas preservo minhas crenças e meus próprios rituais. É... e o que, afinal, me define? Talvez o ser e o não ser, o yin e o yang, o que me falta, efetivamente, me constitui. Ou, parafraseando Lispector, "eu sou uma pergunta"... para mim mesma.

terça-feira, 17 de julho de 2007

cura

Falei sobre a aceitação e agora acho que subi um degrauzinho, ou é a ansiedade, que não me permite esperar a cura pela aceitação, nesse caso, desci alguns. Já disse que sou diretiva, mas nesse ponto me aceito como tal. Então, resolvi que estou em processo de cura, total e irrestrita, se é que isso é possível. Resolvi começar pelo coração (cor, prefixo com o qual também começa coragem). Curar o coração. Como? Exatamente não sei. Mas estou em tratamento. Quem me trata? Outra auto-indagação. Eu me trato. Ou não. Relativismo (será essa a única certeza? A relatividade einsteniana?). Uma certeza tenho, a cura é questão de tempo, afinal, acredito, ainda que com restrições, nas teorias evolucionistas, não na biologia, mas na questão emocional e espiritual. Logo evoluo, logo me curo. Coração doente, relações doentias; coração puro, auto-amor, relações saudáveis. Trata-se disso e está na mira.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Eu aceito

Não, não se trata de "sim" a um pedido de casamento, em que pese terem pensado alguns no msn. Trata-se de uma questão há muito sendo digerida, pensada, sofrida, enfim. E resolvi que é isso, eu aceito. Por enquanto, melhor seria se eu pudesse dizer, aceito e compreendo. Mas, por hora, aceito. Eu aceito que a minha vida mudou, que se postou uma encruzilhada diante de mim. Aceito que as decisões dos outros me afetaram e promoveram essa mudança. Vale o que restou, eu cresci, aumentei e isso, ao fim e ao cabo, foi bom. E como diz a mestra Sangit, aceeeeite. E eu aceito. Sei que por hora é decisão da razão, mas é um começo. É o vislumbre do mestre, no longe, mas vindo. Eu aceito que tenho uma vida diferente da que tinha sonhado. Eu aceito que depende de meus cuidados exclusivos o ser mais importante da minha vida. Eu aceito que ela não vai ter todo o sonhado (e aí penso, com que direito sonhei por ela?). Eu aceito que a tristeza à vezes volta e que tenho que olhar pra ela, conselhos de Wangmo. Eu aceito que atraio atenções e que nem sempre restam positivas. E por aí vai. Aceito o que as pessoas pensam sobre mim, é delas. Nessa fase, aceito apenas, não projeto, vou deixar isso pra depois. Quero abrir um imenso vazio diante de mim, sem expectativas. Vamos ver o que a vida, o universo, o acaso, ou algo que o valha, me reservam. Sei que isso não dura, sou diretiva demais pra me deixar levar pelo que quer que seja. Mas agora eu aceito. Quando fui tomada por essa decisão, perdemos uma pessoa da família. A dor, o desalento. Não há outra posição diante da morte, apenas aceitar. Menor a dor da perda do que a da quebra da confiança, é uma dor confortante. E eu aceito que posso, muitas coisas, nem sabidas, e que meus medos são menores infinitamente que a minha coragem. Aceito, com a serenidade de quem renuncia à luta.