terça-feira, 29 de maio de 2007

vontade

De repente me deu vontade de escrever... será prenúncio da saída da crisálida? Acho que não, apenas vontade de dizer das sensações - reino dos deuses, ilusório, diria a Vanessa. Sei lá, mas sentir é algo que faz parte do humano, eis que mesmo a ciência tem por base a sensação, a percepção através dos sentidos. E o não-sentir o que é? Penso que possa ser um não-viver (não estranhem, ando às voltas com a fenomeonologia e me pego escrevendo desse jeito maluco). Pois bem, não-sentir é não-viver. É fugir das sensações, de Afrodite, do belo, essas coisas. Como dizia minha professora de escultura, é fugir da estesia (adoro a expressão "tive um porre estésico"). E por que fugimos e nos refugiamos no não-viver? Medo, insegurança, ou pode ser apenas um desconhecimento do que seja sentir de fato, com todas as forças dos nossos sentidos, os cinco e mais uns outros que a gente nem sabe que existem, eu pelo menos.
Pois é, estou aí, me inagurando no reino das sensações. Ilusão? Pode ser, não me importo em me iludir com o momentâneo, pelo menos por enquanto. Prefiro isso ao não-vivido.
Um beijo aos meus poucos e selecionados leitores, aos demais: decifrem-me....

quarta-feira, 23 de maio de 2007

melhoras

Como tive três comentários na minha última postagem, resolvi escrever... sinal que alguém lê, logo pressupõe autorização para devanear.

E escrevo daqui, da crisálida, acho que, ainda saindo dela, sempre a terei como referência, lugar de retorno, eterno, pero não constante, no futuro, digo.

A crisálida se reveste de cores, ainda que lá fora se prenuncie o inverno. Explico: poesia... quem não se rende? E tenho me deleitado com ela. Seja descobrindo novos e pops poetas, leia-se Ana Carolina, que sempre impliquei, eis que descobri mais poeta que cantora. Seja o Quintaninha, como dizia Bandeira "não são, Quintana, cantares. São, Quintana, quintanares...", na linguagem do teatro, em bela peça. Adorei o "nasci, e acho que foi a coisa mais importante que me aconteceu". Belas surpresas que a minha pequena cidade reserva, ainda que muito esporadicamente. Também a possibilidade de rever velhos sonhadores, contatos de outras eras, poetas também de atitudes. E Saramago, de corpo presente na minha sala em entrevista à televisão. Reclamando da censura ao seu Evangelho em Portugal, me fez ver a posição de um aluno que produziu o poético rap do "Jesus negão, Jesus negão" (Jesus é o cara, é muito legalzão e só não veio hoje, porque tá pregadão, Jesus negão, Jesus negão) o que causou um certo receio de expor em escola católica. Ainda, né? Quem imaginaria, em tempos de liberdade e democracia. Enfim, a poesia liberta e vivas ao meu aluno querido...

E sigo descobrindo vãos, frestas, onde a poesia se infiltra e espia, retomo cds que já não tinha mais e novoas, frutos de escolhas agora conscientes, filmes, até o Dumbo da Disney, que eu assisto empolgada, enquanto minha filha diz: "não qué fante, não qué fante"...



Da crisálida, em paz. E esperando que mais se rendam à poesia, à estesia e reinventem-se... Quem sabe?